Pela primeira vez na história, o governo apoiará um projeto para criar e amadurecer embriões animais a partir de células humanas, resultando em um “humano” conhecido como quimera humano-animal. Um comitê do Ministério da Ciência do Japão aprovou um pedido de pesquisadores para desenvolver pâncreas humano em camundongos, o primeiro experimento desse tipo a ser aprovado desde que o governo suspendeu a proibição no início deste ano, informou a Nature.
Japão aprova plano de equipe de cientistas para criar os primeiros humanos
- "Finalmente, após 10 anos de preparação, conseguimos iniciar uma pesquisa séria neste campo", disse o pesquisador principal Hiromitsu Nakauchi.
No passado, os pesquisadores criaram embriões de animais humanos, como ovelhas e porcos, a partir de células humanas, mas essas gestações foram interrompidas após dias ou semanas. O experimento visa amadurecer embriões quiméricos, o que levará ao nascimento dos chamados animais humanos reais, vivos e respirantes.
Para a decepção de alguns leitores, no entanto, este não é apenas mais um passo na criação de uma mulher-gato, nem uma maneira de criar seu animal favorito. Os cientistas fazem esse tipo de pesquisa na esperança de um dia fornecer uma fonte de órgãos humanos que possam ser transplantados de animais que já temos infraestrutura para sacrificar, como porcos. Órgãos humanos para transplante são realmente escassos.
Neste estudo, a equipe de Nakauchi projetará embriões de roedores que não podem desenvolver seu próprio pâncreas e, em seguida, colocará células-tronco humanas neles, permitindo que os embriões desenvolvam um pâncreas a partir de células humanas. O próximo passo é transferir os embriões para roedores adultos, embora Nakauchi tenha dito à Nature que eles planejam agir com cuidado, deixando-os se desenvolver primeiro antes de procurar nascidos vivos. No entanto, se eles notassem muitas células humanas no cérebro do embrião, eles pausavam o experimento.
Se você tem dúvidas e preocupações éticas sobre este experimento, você não está sozinho. Em 2017, Carolyn Neuhaus, médica que agora é membro do Hastings Center for Bioethics Research, disse que os cientistas deveriam dar um passo atrás e discutir essas questões com a comunidade médica primeiro.
O design do estudo japonês aborda algumas das questões éticas mais importantes: o que os animais de teste fariam se cultivassem células humanas de seus cérebros? Mas outras questões éticas, como extrair órgãos humanos de porcos é a resposta certa, não são tão diferentes da ética da agricultura industrial ou do debate sobre o uso de animais em pesquisas científicas.
Em suma, é improvável que os humanos em 2023 sejam do tipo pesadelo. Mas... e os futuros humanos? Bem, depende da sua imaginação.
